domingo, 10 de abril de 2011

Sobre armas e atiradores

O texto abaixo é um comentário a uma reportagem veiculada hoje, onde o autor parece querer dizer que as escolas de tiro estão formando futuros atiradores como Wellington Menezes de Oliveira, simplesmente por não exigirem teste psicológico, exame parasitológico, de sangue, antidopping, tomografia, colonoscopia, mapa astral para saber se a combinação dos astros não estão contribuindo para que a pessoa saia atirando a esmo assim que tomar uma arma nas mãos ...

Para mim, o autor do texto é apenas um sensacionalista sem mais o que fazer. Estava sendo cobrado por um texto e escreveu isso na base da pressão, só pode ser!

Ele acha que, aprendendo a atirar, o cidadão se transforma em um atirador irracional que sairá testando seus conhecimentos no primeiro que aparecer. E onde é que ele conseguirá uma arma? Nas lojas, sendo que a documentação necessária inclui exame psicológico? Mesmo que conseguisse, não conseguiria o porte de arma que é dificílimo de se conseguir (somente com autorização da PF e com uma espera razoável) e bastante caro.

Eu aprendi a atirar no exército, de graça, com fuzil e pistola, e sei atirar muito bem. Muitos colegas meus eram ligados ao tráfico, convivíamos lado a lado e ninguém jamais passou por um único teste psicológico. Alguns deles já estão presos. E gostaria de saber do autor do texto ele acha que eu ter aprendido isso me faz perigoso. É o meu conhecimento ou a intenção de usar tal conhecimento que podem fazer de mim um potencial assassino?

No exército eu aprendi como amarrar um prisioneiro, como me esconder, como usar as condições do terreno ao meu favor, a fazer armadilhas, a ser cruel se preciso. E não passei por nenhum teste psicológico para adentrar as forças armadas. Ninguém passa. Ninguém!

Na minha opinião o autor desse texto é apenas um sensacionalista de visão tão curta que, a favor do desarmamento, escreve qualquer coisa para culpar as armas.

Você pode comprar 200 armas e ter uma coleção em casa se quiser. Nenhuma delas sairá do lugar sozinha e atirando a esmo. É preciso que você as tire do lugar e as empregue, sabendo o risco que corre e a que expõe os outros.

O jornalista levou em consideração que o atirador estava se vingando do bulling que sofreu? Levou em consideração que muito mais crianças podem estar sendo afetadas nos colégios por conta de agressões físicas, verbais e morais? Se ele quer fazer algo útil, faça uma reportagem sobre isso. Eu fui vítima de bulling, conheço muitas pessoas que também foram. Eu, felizmente, não me deixei afetar por isso, mas será que outras crianças não serão futuros atiradores?

Será que ele vai culpar os produtores de Grey's Anatomy por terem filmado um episódio (da sétima temporada) em que os médicos atendem a várias crianças vítimas de um atirador desequilibrado que como esse adentrou uma escola com uma arma atirando a esmo e atirou em si mesmo, e vai ligar as duas coisas como causa e consequência?

Ou será que ele vai culpar a Deus, uma vez que o atirador cita a bíblia bárias vezes em sua carta?

Quero ver se ele vai ter culhão de ir exigir junto ao Comando do Exército que aplique testes psicológicos nos potenciais recrutas do serviço obrigatório. Isso eu quero ver!

Sentar o rabo em uma cadeira e escrever um texto qualquer até eu escrevo, e não estou ganhando coisa alguma para escrever esse comentário. 

Isso me lembra uma reportagem que relacionava o número de policiais à violência nas cidades: quanto maior o número de policiais, mais violentas, mais crimes cometidos; quanto menos policiais, mais pacíficas. O cara que escreveu isso parecia dizer que o policiamento só aumenta o crime. Ele se esqueceu de que uma cidade pequena, ou onde há pequena incidência de crimes não necessita de policiamento tão intenso quanto uma cidade como o Rio de Janeiro, ou que uma cidade como São Paulo com um policiamento 10 vezes menor se transformaria num inferno. A relação de causa e consequência nos dois casos me parece a mesma.

Armas são apenas instrumentos utilizados por pessoas para determinado fim. Atiradores sabem utilizá-las. O atirador do crime em questão não sabia atirar, errou mais de 50% dos disparos. Atiradores de verdade sabem o que fazem, o Wellington estava fora de si. Querer culpar as armas pelos crimes de pessoas que as portam é como culpar o carro por atropelar o pedestre.

Pena que lógica ainda não é uma disciplina obrigatória nos colégios e faculdades... Talvez isso nos salvasse desse tipo de jornalistas.

domingo, 3 de abril de 2011

Músicas de academias

Para mim, muito mais difícil que treinar sério todos os dias sob condições adversas, tem sido aguentar as músicas de gente retardada que tocam nas academias. Isso sim é um suplício! Cacete, você alí com uma barra carregada com 200kg e uma musiquinha tipo "I heard you say" ou "Every night is gonna be a good night" tocando muitas vezes num som absurdo que não dá para abstrair. Esses são apenas dois exemplos, há barulhos piores que estes, acreditem. Mas o que é que me deixa indignado realmente não é o estilo musical: é a falta de cérebro das pessoas de colocarem músicas que estimulem nosso mecanismo de fuga.

Não sei se estou certo, mas acredito que essas misiquinhas com letras imbecis são escolhidas de forma inconsciente, de maneira que a academia passa a ser um ambiente lúdico onde as pessoas vão para "se divertir" e passar horas agradáveis se socializando com os amigos, ou seja, tais músicas são escolhidas de forma que a academia lembre muito uma "balada"! Fodam-se os atletas de verdade que estão lá dando o máximo de si para alcançar seus objetivos, o que importa é a frangalhada ficar feliz porque está numa mini-balada. Em tempo: chamo de frangalhada aquelas pessoas que só vão para a academia no verão, não se preocupam com a saúde mas com a estética, que descansam por um tempo absurdo nos aparelhos ou ficam conversando com os amiguinhos sobre as baladas e assuntos que podem perfeitamente ficar para depois.

Mas e o tal mecanismo de fuga? Pois bem, imagine a cena do filme Titanic onde o Jack está de braços abertos com a Rose fingindo voar pelo oceano. Imaginou? Agora coloque a trilha sonora do filme Rambo II ao fundo. De fato, não combina, fica bizarro não é?. Ou coloque "My heart will go on" na cena em que o Rambo está sendo perseguido pelos soldados inimigos e destruindo tudo. Combina? É claro que não. Pois músicas de filme de ação em geral não são feitas por acaso, os músicos e produtores trabalham nelas justamente para causar no público a sensação de tensão que a cena do filme sugere, por isso a sonoplastia do filme é tão importante. Do mesmo modo um romance tem uma música de fundo que desperte no público um sentimento de tranquilidade ou comiseração dependendo da cena. Isso é realizado através da combinação de determinados acordes e letras que coadunem com a melodia. Eu mesmo ouço desde música clássica até Heavy Metal nos meus treinos e não vejo problema nisso. Mas como explicar isso para os débeis mentais das academias que estão incumbidos de colocar as músicas? Para eles é tudo uma questão de gosto,  ignoram tudo o que você diz pois você é que é um chato que não gosta das mesmas músicas que eles.



Enquanto isso vou indo para a "balada" treinar, até o dia em que eu tiver a minha própria academia...